Avatar chegou como o último filme-evento de 2009. Seu marketing foi vasto, porém sem os atrativos dos blockbusters recentes que são o paraíso de marketing. Ele chega sem ser um filme para meninas adolescentes e sem uma grande estrela no elenco que atraia multidões. Não é uma adaptação de um livro de sucesso, nem de quadrinhos. O que ele é na verdade é uma ficção científica de ação e fantasia milionária, com visual deslumbrante, que prometia ser o marco definitivo desta nova investida de Hollywood em emplacar o cinema em três dimensões. Não era o grande filme que todos estavam esperando. Bom, na verdade, era sim, para uma pequena parcela do público. Uma parcela que espera há 12 anos pela volta triunfal de James Cameron, aposentado das grandes delas desde Titanic, o filme mais rentável de todos os tempos. E é aí que está toda a diferença. Sem que o grande público tivesse consciência, Avatar é o filme que todos estavam esperando.
Depois de embolsar mais de 100 milhões de dólares com o lucro de Titanic, Cameron resolveu “dar uma relaxada”. Ele supostamente teria planejado Avatar para ser produzido logo em seguida, porém o custo total teria ficado em 400 milhões de dólares na época, o que o tornava totalmente inviável. Então ele preferiu férias. Mas 12 anos sem um filme não significa necessariamente 12 anos parado. Durante esse período, Cameron investiu sua fortuna em expedições submarinas que acabaram gerando três documentários: um sobre o porta-aviões Bismarck, outro sobre o Titanic (ele de novo) e mais um sobre vida submarina. Dirigiu também o piloto do seriado criado por ele, Dark Angel, um relativo fracasso de audiência, mas que durou duas temporadas e revelou a então desconhecida Jessica Alba. Também gastou toneladas de dinheiro em pesquisa e desenvolvimento do sistema e das câmeras 3D utilizadas em Avatar. Cameron acredita com todas as fibras do seu ser que o futuro (muito próximo) do cinema é 3D, não se importando com os fracassos das tentativas anteriores, nas décadas de 50 e 80.
Depois de embolsar mais de 100 milhões de dólares com o lucro de Titanic, Cameron resolveu “dar uma relaxada”. Ele supostamente teria planejado Avatar para ser produzido logo em seguida, porém o custo total teria ficado em 400 milhões de dólares na época, o que o tornava totalmente inviável. Então ele preferiu férias. Mas 12 anos sem um filme não significa necessariamente 12 anos parado. Durante esse período, Cameron investiu sua fortuna em expedições submarinas que acabaram gerando três documentários: um sobre o porta-aviões Bismarck, outro sobre o Titanic (ele de novo) e mais um sobre vida submarina. Dirigiu também o piloto do seriado criado por ele, Dark Angel, um relativo fracasso de audiência, mas que durou duas temporadas e revelou a então desconhecida Jessica Alba. Também gastou toneladas de dinheiro em pesquisa e desenvolvimento do sistema e das câmeras 3D utilizadas em Avatar. Cameron acredita com todas as fibras do seu ser que o futuro (muito próximo) do cinema é 3D, não se importando com os fracassos das tentativas anteriores, nas décadas de 50 e 80.
Quando Cameron viu o personagem Gollum em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002), ele percebeu que a tecnologia CGI finalmente permitia o nível de realismo que ele necessitava para seu novo filme. Mais alguns anos foram necessários para terminar de desenvolver suas novas câmeras. Diversos desenvolvimentos tecnológicos diminuíram bastante o orçamento inicial, tornando o projeto viável. Então Avatar poderia finalmente acontecer.
Um projeto que vem sendo desenvolvido há tantos anos por um cineasta com o nível de exigência reconhecidamente tirânico como James Cameron, não poderia deixar de ter o impacto visual que tem. Avatar é um filme simplesmente deslumbrante de se ver! A lua floresta de Pandora (não é Endor, não, tá?) é um delírio milionário e uma obra de arte! Não deixa de ser bastante derivativo no cinema de Hayao Myiazaki (basta ver Nausicaä e Princesa Mononoke), mas sua execução com as tintas digitais hiper-realistas da fabulosa equipe de Cameron tornam o filme uma experiência única por si só. Mas Avatar não lembra apenas os filmes do mestre da animação japonesa: ele é, talvez, o filme-síntese da carreira de Cameron, com elementos de praticamente todas suas obras anteriores.
A guerra do Vietnam marcou profundamente o jovem Cameron. Ele não conseguia entender como uma cultura altamente high-tech atacou uma cultura totalmente low-tech e perdeu tão vergonhosamente. Essa obsessão marcou a idéia de seu roteiro para Aliens: O Resgate (1987), onde fuzileiros armados até os dentes são quase totalmente dizimados por monstros alienígenas desarmados. Em Avatar, a história se repete, só que, desta vez, os alienígenas de cultura “primitiva” são os mocinhos que tem que resistir a uma invasão imperialista de uma frota comercial da Terra com respaldo militar para extrair um minério extremamente valioso de Pandora. Os Na’vi são civilização tribal disposta a morrer para defender sua terra, que para eles é sagrada. Em outros filmes de Cameron, como O Exterminador do Futuro 1 e 2 e Titanic, percebemos uma variação do tema do Vietnam, onde fica mais clara a questão da vaidade dos que se acham tecnologicamente superiores. Também vem à mente O Segredo do Abismo, onde um militar enlouquecido quase põe tudo a perder quando um grupo de cientistas tem contatos imediatos com alienígenas que vivem no fundo do mar. Esse tema também se encaixa perfeitamente em Avatar, conforme vamos vendo ao longo da história.
Uma história que não tem mesmo nada de original. O início mais parece um Pocahontas no espaço. Mas, felizmente, o roteiro toma uma direção diversa. Mesmo assim, Sigourney Weever e o tema da alta versus baixa tecnologia não são as únicas coisas familiares ao cinema de Cameron. Seus diálogos mantêm o alto nível de clichês, ainda que bem escritos e charmosos ao seu jeito. Particularmente, o personagem do Coronel é totalmente over-the-top, e pode ser que ele abuse da boa vontade de parte do público. Porém, mais uma vez, é parte do charme dos personagens de Cameron. Assim como todas as mulheres, humanas ou não, seguem a tradição de todos os filmes de Cameron de serem genuinamente fortes e independentes. De Sarah Connor a Rose DeWitt, Cameron nunca escreveu nenhuma mulher que fosse submissa ou que precisasse ser “salva”, o que é impressionante pra um sujeito que sempre fez (e, provavelmente, sempre fará) filmes de macho.
O que realmente pode atrapalhar a agradabilíssima experiência de assistir Avatar é o excesso de expectativas. Não que esse excesso venha do nada, pois seu marketing o vende desta forma. Apesar do visual deslumbrante e impressionantemente realista, os personagens digitais ainda não convencem com perfeição. Se os atores virtuais de filmes como Final Fantasy e Beowulf ainda não enganam totalmente os olhos, esperava-se que pelo menos os Na’vi’s fossem de um realismo total, o que não acontece. A movimentação ainda é ligeiramente “animada” e os olhos dos personagens parecem de bichos de pelúcia. Desta forma, Gollum ainda é o personagem virtual mais perfeito já realizado, em todos os aspectos. Quanto à experiência 3D, que nesse filme prometia uma imersão nunca antes vista, não cabe aqui avaliar, pois a cópia assistida foi a 2D tradicional. Por outro lado, o filme em 2D parece não carecer de nada em termos de beleza e envolvimento. A narrativa de Cameron ainda é precisa, segura e hipnótica. Não dá pra fica entediado com a saga do fuzileiro paraplégico em sua luta para salvar uma cultura alienígena, mesmo com seus 164 minutos de duração.
O mago James Cameron não nos entregou nenhuma novidade do outro mundo, como fez há 25 anos com o baratíssimo O Exterminador do Futuro. Mas realizou um blockbuster de ficção e aventura como há muito tempo sentíamos falta nesse mar de tédio de Hollywood, infestado de refilmagens, filmes adolescentizados ou encharcados de violência gráfica. Em apenas quatro semanas, Avatar já arrecadou em todo o mundo absurdos 1,6 bilhão de dólares, apenas 200 mil a menos do que o recordista absoluto, Titanic, levou meses para atingir. Cameron quebrou seu próprio recorde com um pé nas costas e já confirmou a trilogia de Avatar. Resta saber se ele vai cair direto nas continuações ou se partirá para Battle Angel, adaptação do mangá Battle Angel Alita, que ele considerou realizar no lugar de Avatar. O mestre está de volta e promete muita diversão para o público e MUITO dinheiro pra os estúdios!
NOTA: 4/5
4 comentários:
"A movimentação ainda é ligeiramente “animada” e os olhos dos personagens parecem de bichos de pelúcia. Desta forma, Gollum ainda é o personagem virtual mais perfeito já realizado, em todos os aspectos."
Acho que você assititu outro filme, e não Avatar
.Os na'vis são dez vezes melhor que o Gollum, sem comparação. Só por que o Gollum foi o primeiro não quer dizer que seja o melhor.
Os na'vis dão sim o realismo muito maior.
E os olhos são muito reais.
Não tem outra explicação, você assitiu outro filme.
O legal do Cameron é que ele é aquele cara que some um tempão. Aí quando aparece você diz, "Ih,lá vem ele pra contar vantagem de que inventou alguma novidade!". E quando ele conta você, mesmo contrariado, diz "Putz, isso ficou fooooda! Faz mais!"
Vi Avatar ontem em 3D e superei minhas expectativas. Se todos os filmes fossem em 3D a partir de agora, eu veria todos feliz! Adorei a crítica do Ricky, mas tive uma visão diferente. Sempre achei o Gollum um muppet computadorizado, nunca me convenceu. Na verdade, nenhum ser digital já chegou a me convencer. Até agora. Os Na'vi me convenceram imediatamente, tanto no movimento quanto nas expressões. Fiquei absurdamente impressionada com a perfeição e acho que, no quesito digital, o cinema foi elevado a um outro nível, sim. Me impressionou também as criaturas, a floresta e toda a cultura e habitat da Lua de Pandora (que dessa vez, não parecia a Nova Zelândia, como a maioria dos filmes de fantasia). Me impressionou. E isso é raro nos dias de hoje, já que tudo parece igual em Hollywood.
O roteiro me irritou bastante, mas nunca fui uma fã dos roteiros de Cameron - nem Titanic!!! Mas a superioridade tecnológica deste filme é inegável. Meu maior aplauso vai para a arte conceitual deste filme, que conseguiu fazer graminha que acende quando a gente pisa e lavadeira "roda baiana" sem que o visual ficasse carnavalesco. Um espetáculo para os olhos... mas só isso. É pena que isso baste para fazer o filme mais rentável da História.
Ps: O Gollum era CGI? Pôxa! E eu achei ele um ator tão bom...
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