por Ricky Nobre
O Ministério da Justiça acatou o pedido da Procuradoria da República de Minas Gerais e suspendeu os trâmites normais que atribuiriam a classificação etária a Serbian Film. Mesmo com o prazo estourado, o MJ achou por bem esperar até que a consultoria jurídica do ministério tome uma decisão sobre a acusação de incitação de pedofilia feita pelo DEM.
Não é censura "per se", mas ao negar a classificação indicativa ao qual o distribuidor já teria direito pela data na qual entrou com o pedido, na prática o filme está proibido, pois as salas de cinema pagam multa se exibirem filmes sem a classificação.
E isso se arrastará por sabe-se lá quanto tempo. Daqui a 15 anos será mais um caso a ser lembrado às risadas, como as bolas pretas perseguindo os genitais dos atores de Laranja Mecânica.
E o mais triste, é que, ao contrário de obras como Laranja Mecânica e O Último Tango em Paris, A Serbian Film provavelmente nem vale esse falatório todo.
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10 comentários:
Isso é um trabalho para "Oooos Pirata!"
Já tô baixando! Deve ser uma porcaria, mas ninguém me diz o que ver ou não!
...
Céus, espero que não seja pior que Saló...
Interessante que Saló é um filme frequentemente lembrado ao se falar de Serbian Film, pois ambos foram proibidos no Brasil (Saló por mais de 10 anos) e em vários países pelo teor violento e sexual, e ambos foram consebidos como alegorias de críticas políticas.
Quem entende inglês, é interessante ler o texto do site Bloody Disgusting, um dos melhores e mais completos sobre cinema de horror. O crítico afirma já ter visto os filmes mais brutais e asquerosos já feitos e se divertiu muito com vários deles, mas ficou de cabelo em pé com Serbian Film.
http://www.bloody-disgusting.com/film/4501/review
Frase mais interessante do texto: "Você não quer ver Serbian Film. Você só pensa que quer".
Tô com medo.
E agora? O que eu faço? Vejo ou não vejo?
Baixa e não vê!!!!
Você manda o recado para o partido DEM A GOGO de que ninguém te diz o que você pode ter acesso ou não e manda o recado para o Sopa De Letrinhas que fez o filme de que não vai pagar para ver um troço cuja mensagem se perdeu no asco e apelação.
Da próxima vez ele vai ter que investir em marketing igual todo mundo ao invés de cutucar a censura do país dos outros - porque não foi só no nosso que ele conseguiu esta merda!
Deixa na Área de Trabalho para mostrar a você mesma que a censura NÃO VAI TE OBRIGAR A VER UM FILME SÓ PORQUE ELA TE PROIBIU DE VER!
Depois você descobre que baixou A Princesa e o Sapo por engano.
Aí entra com uma ação contra o DEM por proibir A Princesa e o Sapo...
Depois me diz se eu estou entrando ou saindo da banheira...
Cara esse filme confirma aquela máxima "Não há nada tão rim que possa ser piorado". Eu não costumo me impressionar com estas coisas, mas este filme é péssimo. O trailer já é ruim, mas por algumas cenas que achei tem até pedofilia. Trágico.
Faz muito bem do filem ser proibido, pois diz para essas pessoas que não somos coniventes. O pedófilo tem o livre arbítrio assim como o assassino. Não devemos esconder o diabo e a arruaça atrás desso pretexto do livre arbítrio. E se esta é a melhor metáfora que eles têm para a guerra deles, deveriam ter vergonha e ficar calados e não colocar uma medalha nos responsáveis por ela.
Credo eu hein.
E não adianta dizer que eram robôs pois o que vale é a intensão.
A censura rediviva
Lamento ver pessoas que admiro defendendo a proibição judicial do filme “A Serbian Film”, que seria exibido no Rio de Janeiro. É censura, sim. E viola os princípios constitucionais que representam a própria essência do estado democrático de direito.
Embora já pareça contraditório que alguém amaldiçoe algo sem conhecê-lo, o debate não deveria nem arranhar apreciações de natureza subjetiva. O Judiciário precisa coibir abusos da imprensa e de manifestações públicas em geral (não que ele esteja interessado no assunto), mas obras ficcionais são intocáveis. Simples assim. Pouco importa que exibam as patologias mais horrorosas, ou mesmo que incitem a demência coletiva. Cercear a difusão do produto criativo, sob quaisquer pretextos, sempre incorrerá em alguma forma de autoritarismo.
Se o Estatuto da Criança e do Adolescente serve para esse tipo de abuso, logo veremos um magistrado proibindo “Lolita” (Vladimir Nabokov), clássico da literatura universal, porque seu protagonista estupra a enteada, uma garota de 12 anos. Depois os saneadores culturais perseguirão todos os vilões que lhe parecerem demasiado asquerosos, os objetos artísticos que afrontem suas sensibilidades, os palavrões das músicas, a nudez e a escatologia dos espetáculos teatrais. E assim chegaremos ao mundo paranóico e restritivo que os conservadores tentam engendrar sob o pretexto do bem comum.
http://guilhermescalzilli.blogspot.com/
Rogério LK, cada vez que leio uma opinião como a sua, eu choro lágrimas de sangue. É como ouvir (e olha que eu ouço mesmo por aí) que "nos tempos da Ditadura é que era bom, porque não tinha roubalheira!" Ninguém tem o direito de cercear a liberdade de ver ou não, mesmo que seja uma porcaria como esse filme. A todos que pensam que um filme não visto deve ser julgado e condenado por causa da opinião de alguns, por favor vejam o episódio sobre censura na TV da Família Dinossauro. É bem simples, qualquer um poderá endender. Quanto ao livre arbítrio, reclame com Deus. Foi ideia dEle! Nem sempre eu concordo, mas fazer o que. O Homem é quem manda...
Eu não tenho a menor vontade de ver esse filme e vi muita gente inteligente dizer que o filme não vale esse barulho todo. Até agora o ÚNICO patrocinador desse filme foi a censura. Bola fora. Tiro no pé.
Se todo mundo tivesse ficado calado e desse o direito de merda ser merda como toda merda tem direito de ser, seguiríamos nossas vidas sem tantos equívocos - como o de dar mérito a alguma coisa só porque causa escândalo.
Quanto ao clássico Lolita, adorei a crítica do inteligentíssimo Grouxo Marks: "Comecei a ler o livro, mas parei. Vou esperar uns três anos, até essa menina fazer dezoito, para continuar a ler".
Eu sou totalmente contra a ditadura, mas a favor de regras ainda que rígidas.
Mas no atual estado da arte, acho que o melhor é liberar geral mesmo.
Como diria Raul Seixas (que sou fã) "Faça o que tu queres há de ser tudo da Lei""A lei do forte, essa é nossa lei e a alegria do mundo".
Só não compreendo como alguém pode achar que arte é "intocável". Talvez seja pelo receio, totalmente fundado, de delegar o poder a outra pessoa, como a "justiça".
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