por Patrícia Balan
O primeiro filme dos estúdios Marvel já veio com uma boa notícia: os estúdios Marvel!!! Agora os sonhados crossovers, interação entre personagens de filmes diferentes, já é um sonho muito mais próximo. Infelizmente não há como saber qual a possibilidade de interação com personagens tão adorados como os X-men e o amado amigo da vizinhança. Fox e Sony não são estúdios considerados fáceis de se lidar.
Depois de muitos acidentes de percurso, “Homem de Ferro” não poderia ter aterrizado em melhores mãos. Tom Cruise, que sempre foi um fã confesso do herói, estava com as garras em cima do personagem mas caiu fora por não concordar com a maneira como o projeto estava sendo desenvolvido. Se ele tinha idéias inovadoras para o “Homem de Ferro” da mesma maneira que inovou “Missão Impossível”, nós fãs escapamos de boa. Homem de Ferro é inovador sim, mas em nenhum momento perdeu sua identidade. Mesmo com as reviravoltas doidas dos roteiros de quadrinhos a trajetória de Tony Stark está muito reconhecível.
O filme começa com uma pequena viagem de negócios tendo conseqüências desastrosas. Tony Stark está promovendo seu mais recente produto para “apavorar os caras maus”. Até este momento no filme Tony Stark é o homem dos sonhos de George Bush, mas isto está prestes a mudar. Logo o “mercador da morte” provará um pouco de seu próprio remédio. O cenário da origem do Homem de Ferro mudou do Vietnã para o Afeganistão. Mesmo com este contexto o filme passa longe da crítica política. Ela só está lá para quem está disposto a vê-la – como um bom e velho roteiro Marvel.
O filme tem suas explosões, efeitos e brigas, mas o roteiro é muito interessante com uma narrativa não linear. A Marvel não teve tanto medo de perder o público infantil quanto teve respeito pelos fãs adultos do personagem. Tudo bem, pode ser dito que este foi um filme também para os pais dos espectadores, mas esse papo já está velho! Os fãs quarentões de quadrinhos não precisam mais se esconder de vergonha. Está na cara que nós estávamos certos quando torturávamos o jornaleiro até o exemplar chegar na banca. Nossas histórias tão queridas sobreviveram dez, vinte, trinta anos... Estávamos certos!!
Certo também estava Jon Favreau – o ator que fez Franklin Nelson em Demolidor – ao passar para trás das câmeras e escolher Robert Downey Jr. como Tony Stark. Com Downey no barco foi bem mais fácil conseguir Gwyneth Paltrow, Jeff Bridges e Terrence Howard. Preste atenção nestes nomes: todo mundo aí tem indicações ao Oscar ou já tem um em casa. Hollywood já aprendeu que não adianta nada escalar um ator “parecido” com o personagem. Deixe os bons atores trabalharem e eles vão se transformar exatamente no que precisam ser.
Um bom roteiro, coadjuvantes excelentes – até o próprio Favreau fazendo pontinha como o motorista Happy Hogan – foram importantes para o sucesso do filme, mas seria injusto não dar o destaque devido a Robert Downey Jr. Ele deve ter enchido suas falas de “cacos” como todo bom ator e mesmo assim Tony Stark está todo lá – mais simpático, mais jovial, mais irresponsável e mais genial ainda do que sempre foi.
Mesmo com toda genialidade do personagem o filme humaniza um pouco mais Tony Stark mostrando que ele não poderia prever todas as conseqüências de ter uma armadura como aquela em casa. Justamente por isso a armadura do Homem de Ferro em sua versão final aparece pouco. Essa é uma reclamação justa dos fãs, pois a armadura ficou muito legal mesmo! Mas tenha um pouco de paciência porque os momentos que vão das primeiras experiências até a versão final da armadura são verdadeiras pérolas. Tudo bem, pode ser que falte Homem de Ferro, mas Tony Stark está muito presente.
Não há menção sobre ele ser alcoólatra, não há desenvolvimento do fato de ele ter crescido sob a sombra do pai e não conhecemos muito sobre Tony enquanto ele concordava em gênero, número e grau com tudo o que Obediah Stane (vulgo Monge de Ferro) decidia em sua empresa. Mesmo assim essa profundidade do personagem fica implícita. A explicação para isso é justamente Robert Downey Jr.
Ele foi muito generoso com seu personagem e fez muito mais do que trabalhar o corpo até ficar “enxuto”.
Ele faz doações preciosas: seu próprio passado auto-destrutivo, as experiências das quais ele não se orgulha muito e a alma de rebelde. Estes elementos estão por baixo da interpretação, nas entrelinhas.
Só mesmo um excelente ator para fazer isso tudo transparecer por sua pele lindamente – em ouro e vermelho!
Ps. Assim como um Ps. em uma matéria, alguns filmes ainda têm algo a dizer depois dos créditos, tá gente!? NÃO QUE OS CRÉDITOS NÃO MEREÇAM ATENÇÃO! Aqueles nomezinhos vão aparecer em outros filmes garantindo a qualidade do seu entretenimento. Você podia pelo menos dar uma olhada neles. Os que ficarem serão recompensados.
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