Por Ricky Nobre
A história, como muitos já devem saber, leva o filho de Flynn para dentro da “Grade”, o sistema de computador de onde Flynn entrou e saiu no primeiro filme. O roteiro é mais bem cuidado do que o do filme original, o que não o livra de alguns problemas, principalmente a resolução dada ao personagem título. Tron (novamente interpretado por Bruce Boxleitner, que também volta como seu programador original, Alan) quase não aparece e não tem uma conclusão digna para sua participação. O verdadeiro vilão do filme (que se revela logo, mas não vamos entregar) é uma excelente sacada, assim como a permanência de Flynn pai (Jeff Bridges de volta) como um dos principais personagens. Mas Bridges volta também como Clu, programa criado por Flynn, onde o ator teria sido rejuvenescido por computador. Na verdade, ele parece ter sido recriado digitalmente, e se o resultado é impressionante em alguns momentos, em outros ficam clara algumas deficiências, que endureceram a expressão e os movimentos faciais do personagem.
A dupla Daft Punk, responsável pela trilha musical, faz sua pontinha no filme mostrando seus verdadeiros rostos.
Tron foi um fracasso. Lançado em 1982 pela Disney, no mesmo ano de E.T., Potergeist, Conan, 48 Horas, Rambo I, Rocky III, Porky’s, Vitor ou Vitória e Tootsie, grandes sucessos de bilheteria, Tron tinha um visual e um tema excessivamente originais para o público de então. O roteiro, apesar da premissa que continha faíscas de brilhantismo, era fraco e não explorava a aventura espetacular do programador Kevin Flynn (Jeff Bridges) em todo seu potencial. Não foi um completo fracasso de bilheteria, mas ao arrecadar bem menos do que o esperado pela Disney, foi considerado um fracasso. As exibições na TV e em vídeo ajudaram Tron a se tornar um clássico, principalmente sob a luz do tempo, que o revelou um filme totalmente revolucionário no campo da computação gráfica no cinema, sendo o primeiro a usar imagens geradas por computador interagindo na ação com os atores. Além disso, previu a forma quase simbiótica na qual a informática interagiria nas vidas do homem comum nas décadas seguintes. A legião de fãs de um filme esquecido e sub apreciado crescia e 28 anos depois, finalmente chegou a continuação.
Tron: O Legado ganhou forma sob a direção do estreante Joseph Kosinski e é, em cada bit de sua essência, ao mesmo tempo uma reverência e uma síntese evolutiva do original. Os fãs vão se deliciar com as diversas citações ao primeiro filme, seja nos diálogos ou em pequenos detalhes, como um jovem Flynn cantarolando o tema musical do primeiro filme ao mostrar o bonequinho do Tron para o filho. Mas o visual é que liga o novo filme ao antigo com perfeição. Todo o design do filme presta total reverência ao visual do filme original (no qual o quadrinista francês Moebius também participou), sem jamais perder um frescor que se esperaria de um filme do final desta década. Ou seja, em nenhum momento o visual é “retrô", mesmo que remeta constantemente ao primeiro Tron, o que dá ainda mais certeza de como o filme de 1982 tinha um design verdadeiramente revolucionário. Quem tembém embarca nesse estilo é a dupla Daft Punk, responsável pela imensamente funcional trilha musical onde mistura seu estilo de música eletrônica habitual com referências ao tecnopop dos anos 80 e uma maciça orquestra sinfônica de 100 músicos. O resultado é excelente, apesar do excesso de citações a Phillip Glass e Hans Zimmer, além do roubo descarado das seis primeiras notas de Fanfara para Um Homem Comum, de Aaron Copland para o tema principal.
A história, como muitos já devem saber, leva o filho de Flynn para dentro da “Grade”, o sistema de computador de onde Flynn entrou e saiu no primeiro filme. O roteiro é mais bem cuidado do que o do filme original, o que não o livra de alguns problemas, principalmente a resolução dada ao personagem título. Tron (novamente interpretado por Bruce Boxleitner, que também volta como seu programador original, Alan) quase não aparece e não tem uma conclusão digna para sua participação. O verdadeiro vilão do filme (que se revela logo, mas não vamos entregar) é uma excelente sacada, assim como a permanência de Flynn pai (Jeff Bridges de volta) como um dos principais personagens. Mas Bridges volta também como Clu, programa criado por Flynn, onde o ator teria sido rejuvenescido por computador. Na verdade, ele parece ter sido recriado digitalmente, e se o resultado é impressionante em alguns momentos, em outros ficam clara algumas deficiências, que endureceram a expressão e os movimentos faciais do personagem.
Para apreciar Tron em sua plenitude é preciso encará-lo como ele é: um filme para crianças, como foi o primeiro. A idéia de programas de computador antropomorfizados que possuem organização social, raciocínio e alguns hábitos semelhantes aos nossos, até mesmo distinção de sexos, é para ser aceita como quem aceita um filme de fantasia. E é exatamente isso que Tron é: uma fantasia digital, gênero inaugurado por seu antecessor e que só agora teve seu segundo filme.
Tron: O Legado não revoluciona como seu antecessor, mas bebe competentemente de sua fonte, sendo uma ótima diversão para quem entrar no espírito do filme, com o auxílio de efeitos 3D de boa qualidade, sem exageros. Aliás, ele segue o estilo de Coraline e Alice, com imagens totalmente 2D no “mundo real” e 3D quando o Flynn júnior chega “do outro lado”. Com um custo de 170 milhões de dólares, Tron arrecadou 80 milhões em uma semana. Provavelmente, não era o que a Disney esperava, como aconteceu há 28 anos. Vamos ver o que o tempo fará com o novo Tron.
5 comentários:
Você é tão chique! Tudo o que um crítico precisa ser.
Olha, não duvido nada que vai ter gente perguntando quando é que os rostos do Daft Punk apareceram... Avise aos mais vagarosos - o rosto deles é esse mesmo! Aliás, eles voltaram à terra natal para participar desse filme. Lady Gaga também veio da Grade, mas não voltou para fazer o filme porque acha que seu local de nascimento é muito provinciano - ao contrário do Daft Punk que manteve as origens e o sotaque. (WUON MOUR TAYM!!!)
Provavelmente será um sucesso. Não imediato, pois mesmo não sendo tão revolucionário quando o original, os efeitos ainda são fortes e a adição de um roteiro melhor acentua tudo. mas acredito que em breve os bonequinhos começam a ser vendidos, e os xuneiros de plantão começam a imitar as motocicletas do filme.
Xuneiro: aquele que xuna o carro.
Xunar: colocar umas macaquices feitas com papelão, papel alumínio e durepox no carro. Semelhante a tunar.
Tunar: fazer a máquina mais potente ou melhor na aparência ou no desempenho.
Papelão, papel alumínio e durepox: itens que tornam impossível qualquer melhoramento ou evolução.
Nanael: patrocinador principal do Google Search.
Qualquer um que disser que todo mundo sabe o que é xuneiro: vai tomar no #@!
Ninguém perde absolutamente nada em ignorar o que é um "xuneiro". Tunning é o que faz gente da estirpe de Chip Foose.
Chip Foose: Apresentador do programa Overhaulin' no Discovery Channel.
Programa Overhaulin': Extreme Makeover para carros.
Gente que não sabe isso: Quem assiste Extreme Makeover, American Idol, America's next Top Model e que passa correndo pelo Discolvery Channel.
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