Todos os vilões caídos na foto acima escorregaram na própria baba.
De início, o segundo filme encarava uma grande dificuldade. Geralmente, continuações de filmes de super heróis têm a vantagem de não precisar perder tempo narrando a obrigatória origem. No caso do Homem de Ferro, essa origem foi tão bem narrada e tão fiel à história original que se tornou um dos pontos altos, senão o mais alto do filme. A continuação, portanto, necessitaria de algo tão bom quanto para prender o público como o primeiro. Foi anunciado, assim que o primeiro filme estourou e a Marvel decidiu pela continuação, que ela trataria do alcoolismo do protagonista. Não foi o que aconteceu. E pode parecer exagero ou frescura, mas esse é, provavelmente, o grande problema de O Homem de Ferro 2.
Alguém acredita que Mickey Rourke já foi galã?
Objetivamente, o grande problema parece ter sido a substituição do excelente time de quatro roteiristas responsável pelo primeiro filme, pelo ator Justin Theroux, cujo único credito por roteiro foi no recente Trovão Tropical, uma comédia hardcore no estilo ame-ou-odeie. Theroux acertou nos diálogos de Stark, dando chance a Dowey Jr. de brilhar como no filme anterior, com frases antológicas como “eu privatizei a paz mundial com sucesso.” Mas a estrutura do roteiro é falha, muito provavelmente por ter sido emendada. A ausência do vício de Stark é coberta com uma trama envolvendo o envenenamento pelo paládio contido no reator da armadura. Uma cena de bebedeira permaneceu, mas não proveniente do vício, mas sim do medo da morte eminente.
Fica constrangedoramente claro que a trama do alcoolismo foi retirada após o roteiro ser escrito e substituída pela trama do paládio. A porção central do filme, meio parada, poderia ter sido bem mais dramática com a história original. Teria a Paramount vetado a possibilidade de um herói alcoólatra? Isso poria por terra a comemorada independência da Marvel ao se tornar um estúdio.
O vilão também é um problema, como era de se esperar, pois o Homem de Ferro nunca teve vilões memoráveis. Aqui, chegaram a misturar dois vilões, Crimson Dynamo e Whiplash, pra ver se funcionava. Mickey Rourke até se sai bem, mas a luta final ficou longe de ser verdadeiramente climática. Foi usado também Justin Hammer, o financiador de vilões, de forma convincente. É bom ver Nick Fury em participação de maior destaque, e Scarlet Johansson está suculenta de Viúva Negra (que, aliás, nunca chega a ser chamada por esse nome). Há boas citações a diversas armaduras dos quadrinhos, como a vermelha e prata, apresentada como a versão portátil (armadura da mala).
Homem de Ferro 2 é um filme divertido, mas bem inferior ao antecessor. Já arrecadou 420 milhões de dólares, então foi anunciado o terceiro filme, a ser lançado em 2012, junto com Os Vingadores (e um suposto filme do Nick Fury). Vamos esperar que o Thor que Kenneth Branagh e o Capitão América de Joe (aham) Johnston sejam mais corajosos e bem escritos. Do contrário, o primeiro Homem de Ferro permanecerá sendo o único grande acerto da Marvel como estúdio de cinema.
NOTA: 3/5
2 comentários:
Quando vemos o mesmo filme duas vezes, dificilmente ele parece tão bom na segunda quanto na primeira. Vi o primeiro Homem de Ferro duas vezes, uma no Rio e outra em Brasília, com a galera do Kodama, e foi um dos filmes que mais gostei no ano passado. Fico triste em saber que um tema tão interessante quanto o alcoolismo foi limado em detrimento da moral, bons costumes e diversão para toda família. Mas ainda verei, assim que der!
É tão triste ver que a burrice dos produtores de Hollywood consegue vencer a genialidade de times que estão dando certo! CARAMBA!!! Ninguém nunca viu Tony Stark enchendo a cara e morrendo de vergonha?! Se estão fazendo um filme do herói, para quê tirar o que é mais contundente nele?
Mantenho a admiração por Favreau por manter um filme divertido e coerente APESAR DOS PRODUTORES. Tal não foi o caso de Tim Burton e muita gente boa.
Beijo no diretor/motorista Happy/Felisberto!
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