segunda-feira, 1 de março de 2010

O Lobisomen

por Eddie Van Feu
Como loba da Alcatéia, não poderia deixar de fazer uma crítica ao filme de Joe Johnston que aportou nos cinemas com climão de filme antigo. Então, vamos colocar as presas de fora.
O filme não é ruim. Infelizmente, também não é bom. Quando termina, a gente fica com aquela sensação estranha de que faltou alguma coisa...
Mas para analisar um filme como esse, temos que tentar entender sua proposta. A proposta de Joe Johnston era retomar a magia dos velhos filmes de lobisomem. O problema é: qual o propósito de renovar um filme sem colocar nada de novo nele?
Bom, vamos primeiro aos pontos positivos. A fotografia é bonita, o visual é legal, os ataques são legítimos, as lutas são maneiras e a transformação convence. Assumir o risco de fazer a transformação de um lobisomem como antigamente, do tipo mais humanóide, menos lobo, foi uma escolha perigosa, especialmente na era de lobisomens aditivados de Crepúsculo, Van Helsing, etc...
Agora, vamos aos problemas. Como filme de terror, ele não assusta. Como romance, não convence. O roteiro é básico. Tudo o que você acha que é, é. O texto é fraco, os diálogos, pobres e o elenco tem altos e baixos. Anthony Hopkins está maravilhoso, não tem concorrência pra ele. Hugo Weaving também está perfeito. O problema é o casal principal. Emily Blunt, como mocinha, não tinha função. Do início ao fim, ela tenta fazer alguma coisa, mas o roteirista não deixa. Então ela corre, chora, corre de novo, e só isso.

Benício Del Toro não enche os olhos. Em algumas cenas, ele parecia o Wagner Montes. O personagem carecia de profundidade e carisma, ficava difícil criar um elo com ele. Sua família era disfuncional, mas não parecia. Só sabíamos que a família era disfuncional porque alguém dizia durante o filme. Faltou o drama familiar e a tensão que desembocaria numa tragédia. A tragédia, na verdade, perde muito seu peso por falta desse envolvimento emocional.

E aí está uma característica muito triste desse filme. Ele é frio. O roteiro se prende ao óbvio: “Se um lobisomem te mordeu, cê tá ferrado, meu irmão!” O relacionamento entre os personagens, todos eles, é frio, distante e ralo. No final, percebemos que tudo é muito chato. Aquele monte de gato pulando do armário (modo de falar, pois não tinha gato no filme), com um som alto pra dar susto, não assustava, mas irritava. Esse tipo de falso susto em filme de terror é como piada de pum em comédia. Dificilmente funciona. Num filme estiloso como O Lobisomem, não devia nem existir. Mas, talvez, se não existisse, o pessoal podia dormir.
O cinema de hoje não é o mesmo de ontem. A cada década, temos uma renovação total de efeitos especiais e tecnologia que faz o filme da semana passada parecer obsoleto. Infelizmente, às vezes não se percebe que o roteiro também precisa ser atualizado. O público de hoje é mais ágil e exigente. Infelizmente, ele também é disperso. É preciso manter sua atenção com uma história interessante e um pouco mais de conteúdo. Então, os roteiristas vão ter que se esforçar um pouco mais.
Se você for ver, vai se divertir com a cena da demonstração para os médicos. Se não for, pode alugar Um Lobisomem Americano em Londres, Um Lobisomem Americano em Paris, Sangue e Chocolate e Van Helsing enquanto espera o lançamento em DVD, que não deve demorar muito.

4 comentários:

Fernanda disse...

Ah... eu gostei do filme! (Será que só fui eu ou teve mais gente que gostou?)
Achei bem parecido com os filmes da Hammer. Concordo que é fraco, mas o terror está (para mim) em um pai egoísta e louco, para dizer o mínimo. Coisa que a gente encontra aos montes por aí e que não deveria (será?) chocar, pela ordinariedade, mas que me chocam!
Um beijo e um uivo para todos.

Eddie disse...

Concordo, Fernanda! Mas colocar o Anthony Hopkins nesse papel foi covardia!

FABIO ALEX WORLD disse...

Realmente o filme ficou muito fraco em termos de roteiro e os personagens não transmitem muita emoção, mas eu gostei, foi divertido. O que me agradou foi que finalmente eu vi um filme com um lobisomem de verdade, que se comporta como tal, o que já é bom, nessa maldita era "crepuscular".

Bj

Unknown disse...

Droga...queria tanto que fosse um filme bom. Com um tema legal desses [pelo menos eu acho], eu adoraria se tivesse um roteiro bom e fosse mais assustador, até fiquei toda empolgada pra ver. Bem isso eu digo apenas pelo o que li aqui e me disseram, como não tenho 18 anos nem manha pra entrar em filme proibido, ainda não pude ver. Vou esperar o DVD, fazer o quê?!!!